quinta-feira, março 02, 2006

Ephemeris Vita, Ano I, Vol 2

Belo Horizonte. Na madrugada da última sexta-feira um jovem entrou num buteco na avenida Augusto de Lima, próximo à praça Raul Soares, no centro da cidade. O boêmio, acompanhado de um recém-conhecido amigo, solicitou que o garçom lhes servisse uma garrafa de cevada, lúpulo e malte mantido em baixa temperatura, e pediu também um prato da casa, composto de arroz, feijão tropeiro, lombo, tomate e fritas. Destacavam-se a consistência macia do bife, a textura e pouca oleosidade das batatas-fritas e o tempero do tropeiro, atributos que aliados à temperatura semi-congelante da cerveja transformaram o que seria uma mera refeição num manjar de alta classe. O amigo fez notar a voracidade do jovem libertino, fato percebido também pelos demais presentes, que olhavam com gosto sua imodesta apreciação da comida. Encontrava-se presente também um senhor muito simpático, que fez uma série de piadas e comentários agradáveis que foram, contudo, esquecidos na manhã seguinte, em meio à névoa de pensamentos desencontrados e dores cerebrais. À saída do estabelecimento, o jovem encontrou um amigo de longa data num buteco próximo, pegou seu telefone, demonstrou extrema satisfação - ou não, foi prazer mesmo - em reencontrá-lo, e ao voltar descobriu que o recém-amigo havia ido embora. Como o amigo antigo estava acompanhado, o jovem foi sozinho para outro piseiro, onde acabou a noite não se sabe onde, embora saiba com quem, mas também sem saber bem ao certo como conseguiu chegar, exausto e por fim, em casa. O fato é que chegou, e aqui se apresenta para relatar os fatos que fazem desta uma metrópole da madrugada, com seu povo caloroso confortável na brisa fria da noite. RLD.