segunda-feira, março 27, 2006

Ephemeris Vita, ano I, vol 10

A gente não quer só comida. Revisitado.

Na noite do ultimo sábado, dia 25 de março, vosso estimado repórter da vida passeava de carro pela cidade de Belo Horizonte. Passeava acompanhado de minha distinta e mui formosa senhorita, da irmã dela e do namorado desta. A vida se encontrava livre de aborrecimentos, além daquele proveniente de uma chuva fina. Uma chuva de março como diria um meteorologista bossanova. Tudo soava belo e tranqüilo, e mesmo com a chuva, diria até que aquele fora um dia bonito. Estávamos passeando em companhia alegre e bem humorada, indo a caminho de lugar nenhum, sem pressa ou preocupação. O carro, essa maravilha, proporcionava conforto, quase tédio. E ainda havia o controle da temperatura ambiental, o ar condicionado garantia um frio aconchegante. Sentia-me um europeu. Avançávamos pelas ruas, sem pensar na vida lá fora. Os carros com ar condicionado parecem nos dizer: “A temperatura do ambiente pode ser controlada”. Mas no fundo, eles nos dizem: “Podem se afastar do mundo, e seguir, como uma célula à parte da vida, independentes do que acontece lá fora”. Eles nos dizem que podemos nos afastar desse mundo daqui debaixo (do mundo real) e fingir que estamos apenas de passagem, como o “sueco em trânsito”, de Rubem Braga. Parados num sinal, aproximou-se de nós um menino que, em outro veículo de informação, seria definido como um “menor”.
E nós naquela incrível célula auto-suficiente, nos vimos frente a frente com o mundo, isso porque os vidros, infelizmente, ainda permitem contato visual. E a criança colou seu rosto feio e sujo, no meu vidro, e eu que havia lido na semana passada o psicólogo social, George Herbert Mead, tive que estabelecer um contato intersubjetivo com aquela criança (que ali representava o mundo inteiro). Minha senhorita, ocupada em dirigir seu carro, disse que havia uns biscoitos no carro, e me pediu para pegá-los no porta luvas e dar para o menino. Enquanto abria o vidro, procurava os tais biscoitos no porta luvas, mas não os encontrava. Pedi para a criança esperar um pouco e, enquanto ela esperava e olhava pra dentro do carro, eu continuava procurando, revirando a enorme pilha de cds de dentro do portas-luvas.
O menininho, sem me avisar nada, (qualquer coisa, que possibilitaria então uma resposta mais bonita de minha pessoa, e que talvez entrasse até no capítulo 7 de minha autobiografia) falou: “Me dá um CD...?”
E eu que procurava lhe dar comida não entendi que ele também queria diversão e arte.
Ah... criança que perigo pode ser você com aquele disco da Nina Simone. Não faça isso, continue, por favor, a comer biscoitos. Lembrei-me que o Sergio Porto certa vez encontrou com o Cartola lavando carros, quando de fato o Cartola, já era Cartola. Quando foi confrontado com aquilo que para Sergio Porto, seria um paradoxo, um artista daquele estatuto lavando um carro, o músico respondeu ao humorista que ele também precisava comer. Porto pegou o Cartola e naquele mesmo momento o levou para gravar um disco.
Seria aquela criança um cartola, e eu um mau Sérgio Porto?
Na verdade eu acabei dando o biscoito para a criança, até porque, de boca cheia ela ficaria calada.
RpB - 27/03/2006

terça-feira, março 21, 2006

Ephemeris Vita, Ano I, Vol 9

Ansiedade

Londres, UK.
Quinta-feira, 16 de março de 2006.

Saí de casa já ansioso por saber que iria estar cara-a-cara com meu maior ídolo, durante anos, naquele dia. Poderia ter colocado uma roupa melhorzinha, mas não ligo para essas coisas. Peguei o ônibus e segui lendo um livro maluco de autor russo que no momento não me recordo o nome, mas que certamente termina ou "kov". Parei de ler o livro logo que o ônibus se aproximava de Londres e fiquei olhando as construções e as pessoas naquela cidade globalizada. Os prédios em Londres não são altos e a cidade tem, no entanto, 7 milhões de habitantes, no que se conclui que a cidade deve ser mais extensa do que o normal. Além disso, vale notar, Londres é a única cidade de dois andares que conheço, pois há uma cidade subterrânea, há construções inteiras enterradas no chão e há vários andares de linhas de metrô que nos fazem questionar o conceito de chão que tinhamos anteriormente. A ansiedade foi enorme durante todo o dia, apesar de só ter me dado conta disso à noite. O museu de história natural, que ansiava tanto por conhecer, visitei com tanta pressa que nem reparei direito, mas lembro da réplica de um tiranossauro rex que assustava as criancinhas. Havia ainda os mais diversos animais empalhados e também uma seção de animais conservados, com espécimes exóticos. A observação dos esqueletos de alguns dinossauros nos dá uma convicção de que eram mesmo estes seres ancestrais das aves, pois alguns não passam de galinhas gigantes. No museu da Terra, entramos por uma escada rolante dentro de um globo terrestre, algo que impressiona e no museu de ciência o que mais me impressionou não foi o modelo da dupla-hélice que o Watson e Crick fizeram para entender a estrutura da dupla-hélice do DNA, nem a câmara de controle da Apollo 11 e nem mesmo um míssil de mais de dez metros de comprimento, o que mais me impressionou foi a paisagem futurista do local, principalmente da lanchonete penumbral com luzes vindo de dentro das mesas transparentes, é incrível, dá a sensação de ter entrado numa máquina do tempo e acionado o botão "futuro". Uma hora antes do evento ao qual viera à capital assistir, já estava à porta e já havia fila. Se não fui o primeiro, nem o segundo, estava entre os trinta primeiros e certamente conseguiria um lugar bom para ver meu ídolo. À porta, livros de sua autoria eram vendidos para posterior autógrafo, mas meu dinheiro havia se esgotado previamente. Não aceitavam cartões de crédito. Quando entrei, sentei-me muito próximo ao palco e assisti com interesse às palestras de outros ídolos não tão grandes quanto o primeiro. Daniel Dennett e Mark Ridley deram palestras interessantes na celebração de 30 anos da publicação de um dos mais famosos livros da história da biologia e da evolução, livro este que você deveria ler, se não o fez ainda: "O gene egoísta". Richard Dawkins, o tal, subiu ao palco enquanto meu coração batia acelerado e falou apenas coisas sensatas, como tem feito nos últimos 30 anos e provavelmente desde antes ainda, quando não o conhecia. Falou que o nome do afamado livro poderia ter sido outro e que muitos já têm preconceito pelo título, pois não entendem a evidente metáfora. Comentou de outros livros e falou de muitas coisas, mas terminou sublimemente dizendo que nós humanos somos a única espécie consciente da tirania dos genes e que devemos sim ensinar e espalhar o humanismo, a generosidade, a comunhão entre as pessoas e o altruísmo de verdade, pois ainda que seja difícil, somos plenamente capazes de negar nossa egoística natureza genética! Emociono-me só de lembrar.

sábado, março 18, 2006

Ephemeris Vita, Ano I, Vol 8

Vida, Belo Horizonte, 2006...

No dia de sábado, 18 de março do presente ano, um rapaz de 23 anos acordou e foi tomar o seu café da manhã. Para isso, correu a esquentar a água, e dessa forma, fazer o café.
“O ruim de fazer o próprio café - me relatou o rapaz- é que o café dos outros tem um cheiro muito melhor que o nosso...sabe né, quando a gente faz o café, a gente já fica ali misturado com aquele cheiro todo, e acaba não tendo o momento de consciência maior produzido pelo cheiro do café.” Eu havia me dirigido para a casa do rapaz depois do desenrolar de um fato espantoso. O relógio da copa havia estragado. O relógio parou, e sem saber disso, o jovem rapaz achava que eram 10:20, quando de fato já passavam das 11.
Olhando o relógio parado, o rapaz ficou muito espantado, pensando se não seria o tempo mesmo que havia parado. “Todo relógio parado traz a possibilidade real de ser o tempo que tenha parado, você entende, né, como naquela musica do Raul, O Dia em que a Terra Parou, conhece?” Conhecia. Ele olhou praquele relógio estático, durante muito tempo, e pensou também que “ora bolas, se até o próprio relógio parou, porque que será, que as pessoas não podem também parar às vezes e pensar, contemplar”.
O rapaz ficou espantado o resto do dia com o relógio estragado e ficou pensando muito sério, se não é a gente mesmo que serve de relógio pro relógio. “Ele (o relógio) olha pra gente e fala, ‘são 12:13 porque aquele menino tá ali na décima garfada’”.
Eu acabei indo embora meio tonto disso tudo, e agora mesmo estou muito desconfiado que os relógios estão me olhando e acertando os ponteiros.
R.p.B.

sexta-feira, março 17, 2006

Ephemeris Vita, Ano I, Vol 7

Aconteceu num subúrbio de uma pequena cidade ilhada em meio à grandiosa floresta Amazônica. Uma mulher, cuja faixa de idade foi estimada entre 48 e 79 anos, foi observada num estabelecimento comercial olhando para um saco de farinha. Era uma farinha simples, e o dia estava ensolarado como de costume. A senhora argüiu deste repórter, algumas horas antes do almoço, o que era aquilo dentro daquele saco. Convém salientar que a senhora provinha de uma vida no campo, com pouco contato com o chamado mundo civilizado, o que podia ser visto em seu sotaque carregado de mulher indígena dos povos condenados ao bottleneck genético na América do Sul. O repórter esclareceu com simplicidade - é farinha, minha senhora. Os olhos da senhora abriram-se de chofre, revelando um olhar capaz de carregar ainda a misteriosa fascinação frente à realidade, mesmo tendo vivido tantas décadas. Sua curiosidade talvez tenha sido saciada quando este que vos fala explicou que o produto fascinante se chamava farinha de trigo, sendo o trigo um outro tipo de planta, cultivado em terras distantes, e trazido de outras terras mais distantes ainda. A senhora agradeceu e colocou o pacote, caro, cuidadosamente em seu lugar. Depois disso uma nuvem começou a riscar o horizonte e a tarde continuou passando. - RLD

sexta-feira, março 10, 2006

Ephemeris Vita, Ano I, Vol 6

Polidez (psicológica) oriental

Cambridge, UK.
Sexta-feira, 10 de março de 2006

Objetivando chegar ao ponto de ônibus para o último dos estafantes dias de trabalho daquela semana de correria, andava este jornalista pelas estreitas e antigas ruas desta cidade inglesa quando, de súbito, logo após contornar uma esquina, deu de cara com um indivíduo de traços orientais. O sujeito, provavelmente chinês, embora não se possa dizer com precisão, claramente pesava mais do que 110Kg e tinha por volta de 1,85m, donde se torna nítida a consistência e a alta durabilidade de seu corpo. Apesar das proporções, entretanto, andava ele com desenvoltura e agilidade, trajando roupas claramente ocidentais e óculos de grau. O oriental vinha, com seu cabelo espetado, em minha direção. Olhei para ele e ele olhou para mim. Caso continuássemos a seguir a rota apontada por nossos narizes, iríamos colidir frontalmente em menos de dois segundos. Percebendo o prejuízo da colisão e não conseguindo parar devido à força inercial do movimento que vinha fazendo, o veículo-mais-fraco-jornalista desviou-se para um lado, sendo, entretanto, seguido pelo asiático, que curiosa e infelizmente também desviou-se para o mesmo lado. Um segundo para colisão. Naquele último e fatídico instante conseguiu o jornalista ainda desviar-se com agilidade para o outro lado, o direito, sendo mais uma vez copiado, tal qual imagem refletida, pelo denso sujeito dos olhos puxados. O choque, quase frontal, foi inevitável e este jornalista que vos articula foi impulsionado cerca de dois metros pela enorme catapulta estomacal-oriental. Surpreso, incomodado e enraivecido, enviei então minhas saudações para o chinês, mandando-o "tomar no meio de seu cu", em bom e claro português. O trator asiático deu-se também ao trabalho de virar o pescoço e dizer algo em chinês mandarim ou outro dialeto monossilábico similar, no que tenho a convicção inabalável de que ele me pediu desculpas. Depois do acidente, as vítimas então se foram, cada uma acreditando naquilo que lhe fazia mais feliz.

FP.

quinta-feira, março 09, 2006

Ephemeris Vita, Ano I, Vol 5

O MELHOR SERVIÇO DO CARNAVAL DE DIAMANTINA
Venho por meio deste importante veículo de informação, parabenizar as instituições municipais de Diamantina, na excelentíssima figura de seu prefeito, pelo melhor serviço que me foi oferecido no Carnaval, neste ano de 2006.
Fui me divertir no carnaval, com alguns amigos, e como todo brasileiro típico e ordinário que se preze, bebi muitas cervejas. Havia vendedores de cerveja por todo lado, e o preço se não era dos melhores, tampouco era dos piores. Mas o que me chamou atenção, e é isso que merece meu agradecimento e todo o meu carinho para com a administração municipal, é o trabalho realizado pelos catadores de latinhas. São meninos, meninas, adultos e idosos muito bem treinados, de uma velocidade espantosa, além de terem todos uma educação européia.
Eu e meus amigos contamos, abismados, que poucas latinhas jogadas ao chão, demoravam mais do que 30 segundos para serem catadas. E os meninos, são tão bem treinados, que reconhecem logo o som da lata se chocando com o chão e vêm logo recolher. Fiquei pensando no porquê da prefeitura não treinar o pessoal também para o recolhimento dos outros materiais. Ao final do dia de carnaval restava vidro, e muitas garrafas plásticas poluindo a paisagem. É um trabalho tão elaborado e estratégico, que pelo que pude observar são organizadas células familiares para a catação. A estrutura familiar possibilita mais dinâmica à realização do trabalho. Fiquei espantado com a energia dos idosos e idosas, e de como eles respeitam o bondoso folião. Mas também, tão educado é o folião, quase não faz festa. As pessoas que trabalham na catação de latinhas, acabam não atrapalhando a nossa festa, e além disso nos poupam do problema de ter que procurar alguma lata de lixo. É certo, como 2 e 2 é 4, que em qualquer lugar que se deixa uma latinha, em segundos ela irá ser recolhida. A cabeça baixa, os passo ligeiros, o silêncio dessas pessoas ajuda muito no colorido da festa. E é sem duvida o serviço mais efetivo do carnaval, o que me leva a crer que deve ter sido gasto muita verba no recrutamento e treinamento desse pessoal, e é por isso que parabenizo a todos os responsáveis, direta ou indiretamente. Parabéns!

Seria lindo se fosse verdade. Se os catadores não fossem os miseráveis da cidade garantindo um pouco menos de miséria.
Trabalho insalubre, sem reconhecimento social, sem direito algum. E isso enquanto um puto, como eu, bebe sua cerveja e filósofa com leveza sobre a barbárie. Crianças com frio, meninos pisoteados, idosos indo de um lado para o outro, como bichos que se alimentam de alumínio.
R. P. B - 09/03/2006

sábado, março 04, 2006

EphemerisVita Ano I, Vol 4

Cinzas Antecipadas

Cambridge, UK.
Terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

No Brasil, é o auge do carnaval. Aqui na Inglaterra, disso não temos notícia. Acordei cedo, ao menos o céu está azul e há sol. Um sol invernal que não esquenta, é fato, mas que dá uma certa alegria. A operação dela vai começar daqui a pouco, espero que corra tudo bem. O ônibus não atrasou, nunca atrasa. Continuo com todas as dúvidas e angústias de sempre, talvez exacerbadas por uma melancolia que este ano veio antes da quarta-feira de cinzas.
FP.

sexta-feira, março 03, 2006

Jornal da Vida, Ano I, Vol 3

Brasília. Às oito horas e trinta minutos da manhã do dia 30 de novembro do corrente ano um jovem passou em frente à vitrine de uma loja no aeroporto da cidade. Constatou, impressionado, que uma carteira de plástico, bastante semelhante externamente a qualquer outra carteira de plástico, custava ali a espantosa quantia de 213 reais. Considerando tratar-se de um erro de impressão, adentrou a loja e foi recebido com simpatia por uma funcionária, à qual solicitou muito humildemente que gostaria de olhar a carteira exposta do outro lado do vidro. A senhorita permitiu-lhe pegar o objeto, o que o jovem fez sem delongas e, assegurando-se tratar-se de carteira como qualquer outra, questionou a distinta funcionária sobre o preço da mesma, se seria mesmo aquele impresso na vitrine. Confirmado o roubo, digo, o preço, o jovem perguntou em seguida se havia alguma característica no objeto de consumo que não fosse a ele - alma simples que era - evidente. A funcionária esclareceu, muito solícita, que a marca Oakley, visível numa etiqueta mínima costurada à peça, garantia que a mesma era feita com materiais da melhor qualidade, e que garantiria a seu usuário satisfação sem conta. O jovem raciocinou consigo que sem conta uma ova, que aquilo era conta mais cara que a do melhor puteiro dos seus sonhos, e pra quê tanto status pra quem pode pagar quatro putas da melhor qualidade, e ainda comprar uma garrafa de Montilla. Agradeceu à graciosa puta, digo, funcionária, e retirou-se discretamente do estabelecimento. Pensou ainda, antes de esquecer-se do ocorrido, que quem tem dinheiro não sabe, de fato, como aproveitar a vida. RLD.

quinta-feira, março 02, 2006

Ephemeris Vita, Ano I, Vol 2

Belo Horizonte. Na madrugada da última sexta-feira um jovem entrou num buteco na avenida Augusto de Lima, próximo à praça Raul Soares, no centro da cidade. O boêmio, acompanhado de um recém-conhecido amigo, solicitou que o garçom lhes servisse uma garrafa de cevada, lúpulo e malte mantido em baixa temperatura, e pediu também um prato da casa, composto de arroz, feijão tropeiro, lombo, tomate e fritas. Destacavam-se a consistência macia do bife, a textura e pouca oleosidade das batatas-fritas e o tempero do tropeiro, atributos que aliados à temperatura semi-congelante da cerveja transformaram o que seria uma mera refeição num manjar de alta classe. O amigo fez notar a voracidade do jovem libertino, fato percebido também pelos demais presentes, que olhavam com gosto sua imodesta apreciação da comida. Encontrava-se presente também um senhor muito simpático, que fez uma série de piadas e comentários agradáveis que foram, contudo, esquecidos na manhã seguinte, em meio à névoa de pensamentos desencontrados e dores cerebrais. À saída do estabelecimento, o jovem encontrou um amigo de longa data num buteco próximo, pegou seu telefone, demonstrou extrema satisfação - ou não, foi prazer mesmo - em reencontrá-lo, e ao voltar descobriu que o recém-amigo havia ido embora. Como o amigo antigo estava acompanhado, o jovem foi sozinho para outro piseiro, onde acabou a noite não se sabe onde, embora saiba com quem, mas também sem saber bem ao certo como conseguiu chegar, exausto e por fim, em casa. O fato é que chegou, e aqui se apresenta para relatar os fatos que fazem desta uma metrópole da madrugada, com seu povo caloroso confortável na brisa fria da noite. RLD.

quarta-feira, março 01, 2006

EphemerisVita Ano I, Vol 1

Duas Meninas Conversam
No dia 20 de outubro do ano de 2005, às 12:35, duas mocinhas conversavam na fila de um caixa automático do Banco do Brasil, na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, também carinhosamente conhecida como FAFICH. Sendo esta uma importante faculdade da Universidade Federal de Minas Gerais que se localiza no município de Belo Horizonte.
As duas meninas conversavam atrás de vosso jornalista que, nesse momento, escreve essas linhas, e escreve a reportar e reforçar às feministas de plantão que a luta continue. Uma das moças disse à outra com convicção irresoluta que acha um absurdo isso dela ter que brincar de boneca e casinha, tudo isso consistindo, na verdade, em um aprendizado de mãe e dona de casa que ela acha péssimo e diz preferir muito mais RPG (numa modalidade que desconheço totalmente) e que reafirma que é muito melhor. Ela publicamente rechaçou isso, de que, enquanto mulher ter que aprender apenas a ser mãe e dona de casa. As duas teriam aproximadamente 13, 14 anos (podendo, entretanto, ambas estarem na faixa que vai dos 12 anos aos 16) e uma delas usava um uniforme do COLTEC, que é um colégio técnico localizado perto da FAFICH.
Espero que tenham compreendido a importância dessa noticia para o seio do movimento Feminista, movimento que luta por condições de equidade e possibilidades nas relações sociais e de gênero, discussão e conclusão que deixo a cargo de vocês, porque afinal isso aqui não é a Veja!